Ensino Religioso

31/12/2016 10:29

COMO E PORQUE REFLETIR SOBRE AS CULTURAS - AFRO E INDÍGENA- NO ENSINO RELIGIOSO, ALÉM DA EXIGÊNCIA LEGAL?

Como se sabe, o povo brasileiro é marcado pela questão da diversidade. E é essa diversidade que enobrece a nossa nação. Assim sendo, se faz necessário em relação ao Ensino Religioso, mensurar os traços culturais e principalmente o religioso das diferentes matizes que formam essa nação.

As comunidades indígenas que se espalham por todo o território não são povos homogêneos, mas marcados pela pluralidade. Os indígenas se diferem em várias línguas e práticas que, portanto, devem ser considerados pelo processo educacional.

A palavra diversidade origina-se do latim diversitate, que significa: diferença, dessemelhança, dissililitude. E, portanto, diversidade cultural é diferença existente entre culturas, ou seja, cada cultura tem sua forma de conceber o mundo, de modo que não há lugar para discriminação e hierarquização de valores. Portanto, as culturas, por serem originais, possuem necessidades peculiares, e, por isso, não podem ser uniformizadas porque entra em jogo a questão do significado do que cada produção cultural – em termos de símbolos, tradições, ritos, idiomas, alimentação, dança, música, etc., representa para cada sociedade.

Nesse sentido, conhecer os diferentes aspectos das culturas afro-brasileira e indígena é fundamental para a elaboração de um bom currículo para o ER. Como exemplo citamos: Compreender o método de tradição oral das religiões afro-brasileira, seus significados objetivos e propósitos. Outro fator importante é a compreensão de que os ritos não apresentam características pré-estabelecidas, mas, eles apresentam um eixo baseado em uma cosmovisão. Portanto, a linguagem religiosa afro-brasileira consegue se encaixar perfeitamente nesse modelo que é muito mais um continente do que conteúdo teologal.

Na tradição escrita, o tempo é linear e tem um marco inicial. Nas religiões de tradição oral, o tempo é circular e não tem uma relação objetiva de classificação passado, presente e futuro, ele não começa e não termina. Porém isso não diminui em nada o seu valor religioso. Portanto, cabe ao professor do ER saber compreender como esses aspectos foram se solidificando na história da humanidade.

Na cultura afra, a ancestralidade está arrolada ao tempo mítico, não à ancestralidade humana, bem como a linguagem simbólica não se trata de um simples ato de comunicação, circulando uma informação no espaço em um momento específico, mas, sim, a capacidade de manter uma informação no tempo, isto é, construir algo duradouro, passível de memorização, uma tradição, uma memória por meio de reatualizações.

Consequentemente, o símbolo tem um caráter polissêmico e possibilita encadear e desencadear uma rede de significações e conexões no processo ritual de suas manifestações. Em todas as possibilidades de significados o símbolo sempre terá por finalidade representar a força viva do Orixá, seu poder volitivo, constituindo, assim, seu caráter de hierofania.

Portanto, o papel do ER é conhecer esses fatos culturais diversos e fazer com que eles tenham o seu valor cultural destacado dentro dos paradigmas dominantes.